"Bicho"
Vim agora para o quarto. Vim deitar-me. Vesti aquela t-shirt que a minha irmã ganhou num concurso qualquer da Cola Cão, a propósito dos Jogos Olímpicos de Seul em 1988.
Foi então que reparei que tanta coisa mudou. Aquela t-shirt que um dia eu vestia para brincar às empresárias e que me ficava quase como um vestido, hoje não chega ao rabisque.
Cresci.
Cresci e vejo agora em mim um ser completamente diferente, modificado por todas as experiências e aprendizagens ao longo destes vinte anos.
Já não sou quem era. Já não sou a mesma que brincava inocentemente com os Nenucos e com as Barbies, Legos, nem sou o mesmo “bicho-do-mato” que não falava com pessoas que não fossem as mais próximas, e os amigos da escola. Fui crescendo e ficando diferente.
Cresci e já sei algumas coisas, mas ainda me falta saber muito mais, mas eu não vou ter pressa, vou viver.
E cheguei até hoje, e hoje sou um ser impulsivo (mas não invento quando me dá para ser impulsiva), sou um ser dividido em dois, numa parte alegre e brincalhona e numa outra parte triste e preocupada com tudo. Usando a palavra que alguém extremamente querido usou para carinhosamente me caracterizar, sou um “bicho”.
Sou um “bicho” que aprendeu a não saber calar-se e a não permitir que façam injustiças comigo e com aqueles que gosto e admiro. Aprendi a defender-me atacando pela frente, quando me atacam pelas costas.
Mas isso tudo não chega nem nunca vai chegar, e hoje tenho de (re)aprender a lidar com a desilusão, com uma desilusão que não me permite sentir-me magoada, mas sim arrependida. Tenho então que saber lidar com a desilusão e com o arrependimento. E hei-de saber!
Mas eu penso, penso, penso e só me pergunto o que foi que eu fiz para ter sido o alvo escolhido por alguém, supostamente, por ser impulsivo e ter tido um dia cansado.
Mas não deixo que esses pensamentos me atrapalhem o que ando a viver, e não me sinto magoada, nem vou permitir sentir-me. Não por isso! Não vou dar esse gostinho a quem queria experimentar esse sabor.
Depois de tudo, tiro uma lição de vida. Aprendi então que não é a convivência diária que faz os amigos. Isso não chega. O que faz os amigos é a sinceridade e sermos nós próprios, sem medo nem limitações.
Ninguém é perfeito mas há imperfeições com as quais eu não sei lidar.
E, vou valorizar quem merece, quem esteve sempre do meu lado, desde o primeiro olhar. Mas não só. Quero também saber dar valor àquelas pessoas que (re)apareceram na minha vida (refiro-me especialmente ao Fighter e às duas pessoas que me deram rosas quando eu fiz anos). Obrigada por aturarem os meus stresses e a minha persistência.
1 Comments:
sinto-me bem quando leio as tuas coisas e penso que até que enfim encontro alguém como eu, que prefero lutar e falar frontalmente que guardar as coisas para si. dou-te os parabens por seres assim...
quanto ao post, eu sei do que se trata e fiquei parvo quando soube o mal que te fazem só para se sentirem melhor ou superiores... quanto às rosas nos teus anos, foram as 1s mas não serão as ultimas e como já te disse, aconteça o que acontecer, estarei ao teu lado para te ouvir e aconselhar, se achar que os meus conselhos te podem ajudar. em relação a cresceres, nota-se neste pouco tempo que te conheço, por isso ainda + com tanto tempo d vida q tens, mas aprende que, infelizmente, vamos aprendendo + com as coisas más da vida, do q com as coisas boas.
o que vale, é q podemos sp contar com amigos como tu, e outros + para nos compensarem nesses momentos.
adoro-t e espero q continues assim directa e frontal em todas as situações e continua a crescer, para cada x + seres uma grande mulher.
mts beijos doces
quinta-feira, julho 07, 2005 5:09:00 da tarde
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