terça-feira, maio 09, 2006

Lentes de Contacto - II

Uma semana depois de ter ido à consulta que aqui descrevi, voltei lá. Mas voltei com a lição bem estudada, e pronta para não deixar que o "homem" fizesse de mim parva.

Cheguei cedo, antes da hora. Esperei calmamente a ouvir Chauffeur Navarrus e a cantar para mim qualquer coisa como "fora das estradas locais". Amo a música! Finalmente fui chamada.

Lá fui eu. Cumprimentei o médico, com um grande sorriso, mas na verdade estava a ser muito cínica. Devia lembrar-se de mim, pois a primeira coisa que disse foi "vamos lá ver como vai correr hoje".

Ainda antes de lhe dar tempo de me pôr lentes nos olhos, disse-lhe que tinha conversado com algumas pessoas que usam lentes, e que, todas me tinham dito que era normal ter lacrimejado tanto. E mais, disse ainda que muitas ficaram espantadas por não me ter feito o teste da lágrima.

Este teste da lágrima consiste em colocar duas tirinhas de uma espécie de linha, com um corante na ponta que é colocada no olho. E, consoante a percentagem de lágrima aquilo retiver, assim se saberá se a pessoa tem ou não lágrima suficiente. Se não tiver, nem vale a pena fazer os testes de adaptação às lentes, porque simplesmente não as poderá usar. É que as lágrimas humedecem o olho, e não deixam o olho secar. Assim, que não tiver uma determinada quantidade de lágrima, não pode usar.

Logo depois de lhe ter falado neste teste, ele agarrou numas tirinhas não sei de quê, e colocou-as nos meus olhos. É também um teste da lágrima, mas menos dispendioso, mas muito mais doloroso para quem tem aquilo "espetado" nos olhos.

Achei curioso ele só me ter feito esse teste na segunda consulta, e depois de já ter visto a quantidade de lágrima que me tinha saído dos olhos logo na primeira vez que me colocou as lentes, e depois de eu ter falado nisso... mas enfim, isto ainda é só uma introdução.

Deve ter verificado que eu tinha lágrima, e foi buscar as lentes e pôs-me. Lacrimejei um pouco, não tanto como na semana anterior. Desta vez já não teve a ousadia de estupidamente dizer "com essa reacção será fácil". Bom, passado pouco tempo, nem dois minutos, a lente saiu. Comecei a pensar mais seriamente no que se passava, e a achar que devia ter algum tipo de rejeição às lentes.

Pôs-me as lentes novamente, e mais uma vez sairam, embora ainda tenha tido que andar a mexer no olho direito para a lente sair. Ele não deu muita importância ao facto da lente se estar a aguentar.

E passou à fase dois, ou seja, à fase em que eu tive a certeza que o homem queria fazer de mim parva.

Começou por dizer que aquilo não era normal, ainda me pôs uma máquina qualquer à frente, dizendo que era para observar a lente no olho. E limitou-se a dizer que a lente não adere.

Disse, então, que assim não me podia receitar as lentes. Não me desanimei, e "bombardeei-o" de perguntas.

O diálogo foi mais ou menos assim...

Eu - Se me receitasse lentes, quais seriam? As descartáveis ou as semi-rigidas?

Médico - Descartáveis! O seu astigmatismo é muito elevado, por isso semi-rigidas não poderão ser.

Eu - E fazer operação...qual seria, a laser ou lente intra-ocular?

Médico - No seu caso só poderá ser a laser...

Eu - A laser não me agrada muito, por ser irreversível...

Médico - ...mas ambas são irreversíveis.

(pausa)

Médico - Bom, é melhor esperar uns seis meses. Sei que estão quase a sair no mercado umas novas lentes descartáveis, e com certeza serão indicadas para o seu caso.


Bom, depois deste diálogo fui-me embora, mas desta vez com a certeza absoluta que o médico era um perfeito anormal!

Sempre me disseram que se eu usasse lentes, teria de usar semi-rigidas precisamente por causa do astigmatismo. O médico disse o contrário.

O médico disse que no meu caso só poderia fazer a operação a laser sem sequer ter feito qualquer tipo de exame ao meu olho.

O meu cunhadão fez a operação da lente intra-ocular precisamente por ser reversível. Mais uma vez o homem respondeu ao contrário.

(isto continua...)




Chauffeur Navarrus, dia 27 de Maio na Antena1.
http://www.chauffeurnavarrus.blogspot.com